Eu sou um grande par de peitos

E nem são tão grandes assim. Padrão não, porque não existe isso quando falamos de corpos, né?

Talvez pra moda, meus peitos sejam grandes demais. Fazem volume na roupa. 

Pra um pornô, sem duvidas pequenos. 

Então digamos que sou um belo par de peitos. E isso não parece um orgulho a nível de discussão. Eu não deveria ser encarada apenas como peitos. Mas aparentemente a sociedade me coloca nesse patamar. 

Há um tempão atrás, papo de pré pandemia, fui encontrar uma amiga na Uruguaiana. Chegando lá, encontro uma Paula transtornada de ódio. Por que? 

Visualize: um manequim naqueles de parte de baixo (com uma bunda bem melhor que a minha, diga-se de passagem) de leggin e nada mais nada menos que um *tapa bumbum*

Você sabe o que é isso? Eu também não sabia. Até que esse momento cultural me ensinou que é um acessório usado para dixavar as curvas femininas.

Traduzindo do carioquês dixavar: esconder. Um pedacinho de tecido, como um saiote de meio palmo, feito única e exclusivamente para suavizar a visualização do popô feminino em uma calça justa. É sério?

Não né ? 

Se você achou isso bacaninha e de bom senso, me chama no privado pra gente conversar. Caso contrário e você esteja indignade como eu, então podemos continuar. 

O corpo da mulher vai muito além de uma relíquia (não, não é da morte). É aquém de artefatos sagrados. O corpo da mulher, como eu posso dizer de forma objetiva? É da própria mulher, ufa, acho que consegui. 

Ele não existe pra ser escondido, dixavado, privatizado. Nossos corpos pertecem a nós mesmas, e todes, de novo, TODES, os seres humanos deveriam respeitar isso. 

Putz, mas parece difícil né? Concordo. 

Com essa quarentena, veio o desprendimento do sutiã. Talvez eles achem que os abandonei, espero que acreditem que não foi por falta de amor, mas por falta de necessidade. 

Minhas meninas, como gosto de chamar, são livres! São quem quiserem ser, indo pra onde quiserem ir, apontando pro ponto cardeal a sua escolha. 

São as gêmeas: Ashley e Mary Kate. Vocês lembram né? As Olsen pré hype. Quando Marvel nem tinha cinematografia. E a Elizabeth nem sabia quem era Wanda. Uma é rebelde e a outra certinha. A rebelde, tem um brinco. 

A forma que minha revolucionária encontrou de se posicionar, é literalmente se posicionando. Mostrando que está aqui e merece ser marcada. 

Leigamente: tenho um piercing no mamilo que mantém meu farol aceso o tempo todo. 

Com a abolição do sutiã no meu dia a dia, as meninas estão em total liberdade para serem quem são (se isso não dá orgulho, não sei o que dá). 

Isso significa que sou um monumento a ser visto? Apesar de me achar linda, a resposta é não. 

Isso significa que qualquer pessoa (entendendo-se homem hétero) pode encarar diretamente meus peitos, apenas por eles não estarem em um sutiã?

Eles simplesmente não estão dizendo oi. Estão sendo livres, sendo peitos.

Meu par de peitos. 

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