Era uma vez uma menina. Menina não, moça. Uma mulher.
Era uma vez uma mulher. Com a ternura de moça e o sonhar de menina.
Era uma vez uma pessoa solitária. Que aprendeu a lidar com a solitude, pra sobreviver a solidão.
Era uma vez um cachorro. Cachorro mesmo, quatro patas, pelinho macio.
Era uma vez um cachorro doce, de coração gigante e olhar acolhedor.
Era uma vez um cachorro que mudou a vida de uma menina.
Cachorro apareceu pra mudar a vida. Cachorro foi companhia. Cachorro foi parceria. Acima de tudo, cachorro foi preenchimento. Inundação. Cachorro fez transbordar um sentimento até então desconhecido.
A menina não tava mais sozinha. A menina tinha o cachorro.
Cachorro foi tudo pra menina.
Cachorro ensinou a amar sem esperar nada em troca. Cachorro ensinou a se entregar. Cachorro ensinou a felicidade nas miudezas.
Cachorro fez a menina crescer. Cachorro viu a menina crescer. Cachorro acompanhou a menina crescer.
Cachorro também cresceu. Cachorro espalhou amor. Cachorro era puro amor. Mas cachorro teve que se despedir.
A menina entendeu. O cachorro precisava ir. E com a partida do cachorro, um abismo se abriu dentro da menina. Um abismo profundo, um abismo de fundo infinito.
Sem cachorro, a solidão volta. Sem cachorro, a solitude volta a doer.
Sem cachorro, quem é a menina?
Sem Calvin, quem é a Cal?