Querido diário distópico 

Disfuncional? Diarístico? Didático? Eu não sou didática. Diegético? Não lembro se sei o que isso significa. 

Querido distópico diario,

Hoje bateu um sentimento esquisito, daqueles que vc sente que precisa de uma estrela guia.

Lua de cristal, que me faz sonhar. 

Errei a referência, Sandy!

Acho que tem vezes que aparece aquele mestre dos magos na sua vida, sabe? Mas é do tipo que te direciona pro bem. 

Acho que é mais um Galdalf. 

Mas foda, meu mago cinzento foi consumido pelo Balrog da finitude humana. 

Minha vó era meu Dumbledore. E o obscuro lado da existência levou ela. 

Até hoje me pego olhando pra cima (ou até pra baixo) pedindo: me ajuda vó! 

Bacana o Luke teve o Obi-wan e o Yoda. Os dois deram um gostinho e mandaram um: se lança no mundo, queride. 

Não tô buscando uma fada madrinha (a não ser que seja o cara de Pose divino no último filme da Cinderela), mas queria poder fazer contato com os tais astros pra pedir VÓ, Pelamor, me manda uma iluminação daquelas que só vc poderia, e me diz que tô fazendo certo? 

Ou vamos ser sinceras? Me dá um esporro aí na moral. 

Tu foi tão forte. Guerreira. O mundo te obrigou a ser assim. Mundo de merda, vc merecia mais do que consigo até pensar, pq tudo parece pouco. 

Queria ser um tiquinho que nem tu. Braba, sabe? Porreta!

Mas eu me sinto tão fraca? Acho que vc me daria uma bronca por falar isso. Ou até pensar. 

O que vc queria ser quando crescer? 

Tenho medo do espaço e não sei jogar bola. 

Tão corajosa quanto minha vó. De dar a cara a tapa, não ter medo do mundo. De enfrentar qualquer perrengue, de apesar de tudo e todos, seguir em frente.

Puta merda diário, queria que minha vó tivesse orgulho de quem sou.

Um comentário em “Querido diário distópico 

  1. Cal, eu como uma parte da história, posso te garantir que ela teria/tem um orgulho danado de você. Orgulho de toda a sua vida. Orgulho de suas qualidades e defeitos. Orgulho de cada pedaço de seu corpo pois, cada um de seus pedaços, momentos e vivencia fazem parte daquela que com certeza tinha/tem todo o carinho de Dona Jura pode dar a alguém. Se ela era forte e por vezes totalmente fragilizada (pode ter certeza) foi através de muitos tombos, quedas e tropeços. Muito de machucar o joelho/ alma, sangrar e depois chorar e sofrer ( como é para ser). Logo depois ela tomava um banho. desses de esfrega que retira não só as impurezas e células mortas mas sobretudo retira a fragilidade da queda. A dor e angustia, muitas vezes vi em seus olhos, naturalmente como qualquer humano porém, a vontade, a necessidade de colocar um mercúrio cromo e esparadrapo nas feridas era e é vital para seguir o caminho que é a vida.

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